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HISTÓRIAS DE SOBREVIVENTES DE TALITHA KUM FILIPINAS E INDONÉSIA
Em março de 2024, recebi uma mensagem de uma irmã de Jacarta da VIVAT Indonésia, pedindo ajuda para Joy, uma mulher indonésia, que tinha conseguido escapar da empresa que a tinha recrutada como agente de marketing mas era obrigada a burlar os clientes. Após duas semanas, não conseguindo aguentar mais, fugiu com outras duas mulheres indonésias, Nadia e Neera, chegadas às Filipinas em dezembro de 2023. Neera é mãe solteira de 25 anos com uma filha de 7 anos. Tem um irmão que foi recrutado pela mesma empresa e decidiu ficar até pagar a dívida. Nadia tem 23 anos e o irmão e uma cunhada também foram recrutados pela mesma empresa.
Depois de muitas dificuldades para conseguir uma entrevista e alguns dias de espera, foram finalmente recebidos na embaixada. Enquanto estavam a ser entrevistadas, apareceram dois homens que se apresentaram como representantes da empresa. Mostraram uma lista explicando que os indonésios só poderiam recolher os passaportes depois de pagarem as dívidas: Joy - 7.000 pesos; Neera - 93.000 pesos e Nadia 60.000 pesos. Mas prometeram devolver os passaportes se os Indonésios pagassem qualquer quantia naquele momento. Joy disse que tinha 5.000 pesos, pagou e foi-lhe devolvido o passaporte. Neera disse que tinha 10.000 pesos mas precisava fazer um levantamento numa caixa automática. Acompanhei-a para levantar o dinheiro e, quando voltámos, os homens disseram que era muito pouco e que o chefe não aceitava. Nadia não tinha dinheiro. Neera concordou em acrescentar mais 10.000, mas não foi aceite. Por isso, saímos da embaixada sem os seus passaportes.
Joy pôde retornar à Indonésia porque o seu visto ainda estava válido. Havia um plano de passar na empresa para ir buscar a sua mala, mas decidimos não ir mais a essa empresa.
Explicámos a Neera e Nadia que era inútil obter os seus passaportes porque os vistos já tinham expirado. Os homens exigiram 35.000 pesos de Neera e estavam estavam a pressioná-la a entregar o dinheiro, mesmo a altas horas da noite. Isso fez-me suspeitar que poderiam fazer algo para forçá-las a voltar para a empresa. Neera e Nadia concordaram em denunciar o caso à polícia, pois sabiam que não tinham outra opção devido ao visto expirado e à falta de dinheiro para pagar as dívidas.
Finalmente, fomos recebidas pelos representantes da IACAT (Inter-Agency Council Against Trafficking) e do DOJ (Department of Justice), que fizeram as entrevistas. Foi-lhes prometido um novo passaporte e visto para que pudessem regressar ao seu país. Também foram aceites para ficar no abrigo da IACAT para pessoas traficadas e foram repatriadas em segurança para a Indonésia em 28 de maio, e a IJM (International Justice Mission) está a ajudar a encontrar as suas famílias.
Ir. Evelyn Jose, SSpS, TK Filipinas
26 de junho de 2024