Este site usa cookies de análise para coletar dados agregados e cookies de terceiros para melhorar a experiência do usuário.
Leia a Política de privacidade completa .
EU ACEITO

NOTÍCIAS

DE VOLTA

Víctimas traficadas em ascensão na Índia

Entrevista com Ir. Rita Mascarenhas

Conforme destacado durante a nona Reunião de Coordenadoras da Rede Regional AMRAT, realizada em março de 2017 (fonte: https://bit.ly/2tC0IZ8 e https://bit.ly/2Kbkztb), de acordo com o censo de 2011, a população indígena da India foi 1,21 bilhões (atualmente atingiu  1,35 bilhões), 30% dos quais  são  migrantes internos. Acerca de 400 milhões de pessoas em busca de melhores condições de vida foram transferidos de seus lugares de origem, geralmente de áreas rurais, para áreas urbanas. Um exemplo para dar uma ideia do tamanho de deslocados internos no país: em Nova Deli 90% da população é composta de migrantes. A situação de exploração e de violações dos direitos humanos na Índia é pior do que era no passado, principalmente por causa do aumento das pessoas em movimento, e sabemos que os migrantes são um grupo muito vulnerável por enfrentar obstaculos  lingüísticos e sociais, freqüentemente com grande presencia de  analfabetismo ou educação deficiente, falta de apoio, estruturas e redes sociais de apoio, e falta de conhecimento de seus direitos. O tráfico de menores está aumentando e quase 60% das vítimas de tráfico na India têm menos de 18 anos. De acordo com a Human Law Network, mencionado durante a reunião, a percentagem de mulheres e crianças vítimas de tráfico em 2017 aumentou de  10 pontos percentuais em comparação com 2016. Acerca do 20 atè o 30% das vitimas estão abaixo de 13 anos de idade (fonte: https://bit.ly/2yJr7du).

Ir. Rita Mascarenhas FMA, irmã salesiana e ex vice-presidente da Rede AMRAT, tem trabalhado ativamente contra o tráfico de pessoas na Índia até o ano passado, quando se mudou para a Itália. Ir. Rita afirmou que a rede está envolvida em operações de larga escala para combater o tráfico de seres humanos. A rede está espalhada pela maior parte do território indiano onde este crime é, infelizmente, muito comum, especialmente em áreas rurais periféricas e muito pobres. A rede coordena ações que vão desde a prevenção – empoderamento, promovendo o senso de responsabilidade e autonomia das mulheres, atividades de conscientização - até a assistência às vítimas do tráfico, proporcionando tanto moradia segura quanto apoio para a reintegração na sociedade.

A modalidade de atuação das  irmãs pode variar de acordo com as situações. A irmã Rita contou, por exemplo, como, no trem para Mumbai, ela começou a conversar com uma garota e, assim, descobriu uma situação muito comum de tráfico de pessoas, essa garota estava convencida de que estava indo para a cidade, na companhia de outras oito meninas, para aprender o trabalho de estetista. Estavam viagiando com um amigo da família uma pessoa confiável, um amigo que imediatamente a avisou para não falar com a freira, quando ela pediu algo sobre sua viagem.  Os traficantes geralmente são pessoas muito próximas da família, às vezes fazem parte da família ou, pelo menos, são pessoas que todos os membros da família confiam. É por isso que é muito difícil identificá-los e capturá-los.

A principal forma de tráfico de pessoas na Índia è interna, acompanhando os fluxos migratórios. Muitos dos migrantes estão sujeitos à exploração quando saem de suas aldeias. Em centros administrados por irmãs, como aquilo administrado pela irmã Rita, tem abrigado muitas garotas que têm vivenciado o exploração e o tráfico. As meninas, durante o periodo de acompanhamento recebem um salário minimo, de acordo com as normas da diocese, mas muitas vezes fica dificil competir com os saloarios promesso por  exploradores e criminosos que lhes oferecem muito mais. Ao aceitarem estas propostas ilusorias as meninas colocam suas vidas em perigo. Eles aspiram uma vida melhor, de ter coisas de de que ouviram falar, um mundo no qual a pessoa "existe" se você "possui" e, portanto, deve ser capaz de "comprar".

Ir. Rita sublinhou como elas não sabem o que é "dignidade humana" e seu valor, porque ninguém nunca ensinou isso para elas. Muitas vezes elas parecem felizes somente com aquilo que elas podem ter, essa é a parte triste.

As mulheres são as pessoas mais vulneráveis e em situação de grande risco na sociedade indiana, a maioria delas pode acabar caindo em um círculo violento de abuso e exploração sem perceber a brutalidade de tudo isso.

Outro realidade extremamente comum na Índia é a violência doméstica, que está entre as principais causas de tráfico de seres humanos, porque uma mulher que sofre violencia em sua familia está preparada para enfrentar qualquer coisa para fugir desta condição. Neste contexto, ir. Rita mencionou um caso de uma menina que foi regularmente espancada e estuprada por um marido que tinha sido imposta. Neste caso a violência doméstica , juntava-se à violência  do tráfico para casamento forçado.  Mesmo quando, com a ajuda das irmãs de AMRAT, esta mulher  conseguiu sair desta situação desesperadora, ela sentiu que a sua vida foi um fracasso. Como diz Ir. Rita, hoje as mulheres são tratadas como bens que podem ser usados e jogados fora.

A rede de irmãs salvaguarda a dignidade das mulheres que tentam libertá-se de situações perigosas em que estão presas, fornecendo-lhes ferramentas de formação e autonomia.

As irmãs de AMRAT acreditam firmemente que "JUNTAS PODEM  FAZER A DIFERENÇA"